Autor(a): Sherry Thomas
Editora: Balzer + Bay
Formato: Paperback
Já tinha visto imensas opiniões sobre este livro, especialmente pelos blogs literários, e todas elas maravilhosas. Depois de ler o
Throne of Glass e de me ter estreado no mundo da fantasia, ando sempre à procura de outros livros do género que sejam tão bons (vá, se calhar tão bons é impossível, mas que andem lá perto) como este. Quando li o
post da Cynthia Hand sobre os seus livros preferidos de 2014, vi lá o
The Burning Sky e desde aí que a vontade de o ler aumentou consideravelmente. Apesar disso, e se calhar pelas elevadas expectativas que tinha para este livro, não gostei assim muito da leitura.
Para quem gosta de ler fantasia, se calhar esta opinião não vai ser muito útil porque eu admito desde já que fantasia ainda é um daqueles géneros que não tenho a certeza se gosto ou não. Como também ainda não me aventurei muito neste género e e ainda estou a tentar descobrir o que resulta ou não comigo, não tenho grandes termos de comparação nem sou especialista no assunto. Esta vai ser simplesmente a minha opinião sobre o que achei que faltou para ter gostado deste livro e o que senti ao lê-lo.
Iolanthe Seabourne é uma feiticeira dos elementos (eu não sabia mesmo como traduzir a palavra do inglês por isso peço desculpa pela tradução foleira), ou seja, é capaz de controlar os 4 elementos. Com esta capacidade, ela é considerada a feiticeira mais poderosa do reino e a rapariga que o príncipe Titus tem de defender a todos os custos, pois ela é a única capaz de matar o Bane.
O meu primeiro problema com este livro foi o tal dito romance que constava na sinopse. Esta prometia não só a parte da fantasia, mas também um romance maravilhoso de um amor quase proibido entre o Titus e a Iolanthe. Tenho a dizer que de romance houve muito pouco e o que houve não me interessou grande coisa. Este é um livro com quase 500 páginas e os dois só começam a mostrar mais o que sentem um pelo outro no final do livro. Como romance é sempre a minha parte preferida dos livros (não consigo evitar), neste senti que a sinopse prometeu uma coisa que depois acabou por não ser bem assim, o que fez com que fosse perdendo o interesse no livro ao longo do tempo. Eu não me importo com relações que demorem o seu tempo a desenvolver-se e por vezes até acho que é o ideal, para conseguirmos compreender tudo o que os protagonistas sentem um pelo outro e acompanhando o crescimento da sua relação, mas neste livro não gostei assim tanto, talvez por também não me ter identificado nem com a Iolanthe nem com o Titus.
Não sei se foi a escrita ou o a forma como as personagens foram desenvolvidas, mas não me marcaram de nenhuma forma. Consegui compreender um pouco cada um deles, porém não me consegui interessar completamente por nenhum. De todas as personagens, se tivesse de escolher uma, escolheria a Iolanthe porque é uma boa personagem, que vai descobrindo aquilo que é capaz de fazer ao longo do livro, mas mesmo assim não me consegui identificar nem sentir nada por ela. Com o Titus acabou por ser igual, se bem que ele me irritava nalguns momentos em que não sabia se havia de gostar dele ou não.
Um outro problema que tive foi a forma como a autora nos apresentou este mundo. De inicio somos um pouco atirados de cabeça, sem perceber grande coisa do que está a acontecer. Ao longo da leitura, fui apanhando umas coisinhas aqui e ali e consegui compreender a ideia geral, mas mesmo assim senti falta de explicações concretas que me explicassem exactamente aquilo que precisava de saber, não sendo preciso juntar as peças e ter de ler as notas da autora (no final do livro existe uma secção com notas retiradas de livros fictícios pertencentes ao mundo criado, de forma a percebermos o significado de palavras que vão aparecendo ao longo da obra). Para mim, que ainda sou muito principiante no que toca a livros de fantasia, isto confundiu-me imenso, tanto que
cheguei ao fim do livro ainda sem perceber algumas das coisas que era suposto já ter percebido. Penso que para quem ainda está a começar neste género, este não será o livro mais fácil e
aposto que se tivesse lido este livro daqui a uns anos, o teria compreendido e aproveitado muito melhor.
Mas já chega de criticas porque existiram coisas que gostei muito. A primeira, e
aquilo que me fez não largar o livro durante os dois dias em que o li, foi o ritmo da acção. A história está construída de uma forma engraçada e muito original (especialmente a parte do livro que os deixava transportar para um outro mundo fantástico) e as cenas de acção foram sempre muito bem feitas. Há momentos que nos deixam mesmo nervosos e a querer continuar ler para sabermos o que vai acontecer a seguir.
Adorei a vibe Mulan-ish, porque Iolanthe tem de ser disfarçar de rapaz para que Titus a possa esconder no seu colégio interno exclusivamente masculino e protegê-la. Gostei muito de toda a acção que se centrou no colégio interno e de ver a forma como ela interagia com os restantes rapazes.
A única critica é o facto de sentir que a autora explorou pouco esta ideia. Gostava que tudo no geral tivesse sido mais explorado, mas adorava que a autora tivesse proporcionado ao leitor momentos divertidos de coisas caricatas que aconteciam a Iolanthe, tendo de fingir ser um rapaz. Senti que aqui a autora perdeu a oportunidade de fazer algo engraçado e de explorar melhor as personagens, tanto quanto à sua personalidade, como às suas relações com os outros.
Quanto à escrita da autora, não posso dizer que fiquei fã, mas ainda quero tentar algum livro dela que se passe numa época mais actual, uma vez que a acção deste livro ocorre em 1880 e tal.
Concluindo, este foi um livro que me desiludiu um pouco e estou muito triste por isso. Talvez daqui a uns bons anos o volte a tentar a ler porque sinto que se já estivesse mais habituada a este género literário, teria conseguido aproveitar muito melhor esta leitura. Não pretendo continuar a trilogia, pelo menos para já, mas recomendo este livro para quem já é fã de fantasia, especialmente pela acção e por alguns elementos surpreendentes.
3.5